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As asperezas do hífen

  • Foto do escritor: Maria Célia Ribeiro
    Maria Célia Ribeiro
  • 14 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 15 de mar. de 2024

Os percalços de uma profissional da linguagem.


Obrigada, VOLP!

No princípio, era o hífen...

Sim, o hífen não é um problema somente para alguns. Todos, em algum

momento da vida, já sofremos por causa dele. No meu caso, esse sofrimento

veio ainda antes da reforma ortográfica: sempre precisava consultar um

dicionário para ter certeza de que não estava escrevendo errado.

Mas eis que veio a reforma e... tudo piorou. Por quê? Bem, além de precisar

procurar um dicionário, era obrigada a verificar se ele havia sido publicado depois

de 2009. Do contrário, adeus, certeza!

Mas confesso que, depois das famigeradas mudanças arbitrárias (sim, eu as

considero arbitrárias...), até consegui me adequar melhor. Acho que, de tanto

estudar para explicar aos demais, acabei aprendendo! Ser professora tem suas

vantagens.

Puxa! Finalmente estava livre da dúvida e dos dicionários cada vez que

precisava escrever uma palavra composta! Só que não... Porque começaram a

ser incorporados à nossa linguagem cotidiana cada vez mais termos em inglês.

Se, em português, eu tinha sofrido a vida toda, imagine com língua

estrangeira!

Foi mais ou menos por essa época que adquiri o VOLP. Não o pintor (se

fosse, estaria escrito errado, né?). Refiro-me ao aplicativo do Vocabulário

Ortográfico da Língua Portuguesa, uma espécie de bíblia ortográfica. Eu já o

conhecia antes, mas era impresso e confesso que não tinha a menor disposição

para carregar aquele livrão para todo lado sempre que surgia alguma dúvida.

Assim, quando me deparei com a palavra “on-line”, eu me perguntei: será

que é assim mesmo, com hífen? Comecei a encontrá-la das duas formas na

internet: com e sem hífen. Mas agora eu já usava o app VOLP! E lá descobri

que, sim, o termo “on-line” deveria ser escrito com hífen. Problema resolvido,

certo?

Claro que não! As pessoas à minha volta começaram a me questionar, uma

vez que era cada vez mais comum encontrar o termo “online”. E eu dizia:

"Consultei o VOLP. É assim mesmo". E via, do canto do olho, que as pessoas me

olhavam com certa desconfiança, mas, sabendo da minha precisão nas

pesquisas que faço, não ousavam contestar.

Qual não foi minha alegria quando, recentemente, na semana passada na

verdade, resolvi voltar a consultar o aplicativo sagrado para confirmar pela

milionésima vez que deveria escrever “on-line” em vez de “online” e soube que

o VOLP incorporou as duas formas! Agora, ambas são consideradas corretas.

Por que isso me fez tão feliz? Bem, trabalho com linguagem e não suporto a

ideia de escrever de forma inadequada às regras, mesmo que em língua

estrangeira. E, quando quase todos escreviam a palavra de um jeito e eu de

outro, confesso que me sentia um pouco fora de lugar. Mas agora tudo se

resolveu: posso escrever como os demais sem sentir que estou escrevendo

errado! Não é uma maravilha?

Só para explicar: na origem, em inglês, o termo levava hífen, sim. Mas

acabou caindo em desuso. Penso que a necessidade de usar a palavra com

tanta frequência (e nos smartphones) tornou menos prático empregar o hífen.

Assim, ele foi sendo deixado de lado, e os dicionários de inglês passaram a

aceitar o termo sem hífen. Aqui, a “novidade” demorou um pouco a ser aceita

como correta, mas, finalmente, chegamos ao reino da internet. Para meu alívio!



 
 

Escritoria - Soluções em Linguagens

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